Uma das coisas claras
no chamado pastoral é que esta é a única “profissão” (se assim pudermos falar
desse chamado) a qual o ser humano não pode escolher, mas é ela que o escolhe.
O chamado pastoral muitas vezes é contrário a toda uma vida de conforto e
segurança próprios desse mundo e que por isso, traz muitos conflitos e
contradições. Sabemos que nenhum Seminário Teológico por melhor que seja tem as
devidas condições para formar um pastor. Um pastor ou pastora é formado(a) na
lida diária de sua prática e dos relacionamentos que estabelece com as pessoas.
Em outras palavras, o ambiente formativo de um (a) pastor(a) é a vida da comunidade.
É na igreja que o chamado
pastoral mais se manifesta e é reconhecido e referendado. O coração daquele (a)
que é chamado (a) para este trabalho é formado na igreja e por meio das
demandas que por ela são apresentadas. Ao atender a elas é que se faz o chamado
pastoral. Porém, a própria igreja que forja e determina o chamado pastoral traz
muita tristeza e angústia ao coração do(a) pastor(a). Parece contraditório, mas
aqueles mesmos que referendam e que são objetos do amor de um(a) pastor(a), são
os mesmos que ferem e agridem o coração de um pastor. Infelizmente muitos que fazem
parte da igreja não percebem que o coração de um pastor sofre e chora em determinados
momentos.
Falo assim não com a
intenção de legislar em causa própria, mas com a convicção de que estou representando
milhares de homens e mulheres que, à semelhança do que aconteceu com Moisés, um
dia receberam um chamado claro e específico de Deus para ocuparem a frente de
seu povo.
O coração de um(a)
pastor(a) fica triste quando: ele(a) percebe que as pessoas não querem mudar de
vida e preferem permanecer em seus pecados; quando as coisas e as
estruturas são mais valorizadas do que as pessoas; quando Deus e o seu Reino
não são levados à sério pelas pessoas da própria igreja; quando a
vontade de Deus é substituída pela vontade dos homens; quando a
burocracia e luta pelo poder ficam acima da vida e da esperança; quando
as pessoas que fazem parte da igreja formal preferem viver uma vida
vazia e mecânica em lugar da vida fundada nos valores do Reino; quando
ele(a) percebe uma flagrante inversão de prioridades nas vidas dos crentes, Bem,
a lista na verdade é muito extensa, mas em virtude do pouco espaço, paramos por
aqui.